sábado, 26 de março de 2011

O sol de Ian McEwan

Para quebrar um pouco a rotina que tenho vindo a estabelecer, ao falar bastante em moda, venho aqui recomendar um livro.

Ian McEwan _ Solar



Detentor dos prestigiados prémios  Jerusalem Prize for the Freedom of the Individual in Society e  Bollinger Everyman Wodehouse Prize for Comic Fiction, o britânico Ian McEwan,  teve os leitores de nariz torcido ao lerem o título e o tema deste livro, provavelmente com receio que ele se tivesse transformardo no Al Gore em versão romance.


Ian McEwan

Antes de ser cidadão preocupado com os desastres ecológicos que poderão comprometer o futuro do planeta, McEwan é um escritor mostra conhecer os meandros mais inacessíveis ou inconfessáveis da natureza humana. Portanto era impossível escrever um livro puramente ecologista.

"O segredo de Solar está no facto de nunca perder de vista que a tragédia global do mundo moderno tem como causa primeira a nossa radical imperfeição. E McEwan expõe-na, a essa imperfeição, da forma literariamente mais eficaz: através do humor e da sátira. (...)
O grande trunfo do romance, porém, assume a forma do seu protagonista: Michael Beard, concentrado ambulante de todos os defeitos da espécie. Prémio Nobel da Física aos trinta e poucos anos, viveu a vida toda à sombra desses louros alcançados muito cedo. Depois da Conflação Beard-Einstein (uma descoberta no campo da interacção entre a luz e a matéria que o hifenizou com um génio), o seu trabalho criativo foi nulo e ele limita-se a dar conferências bem pagas, a emprestar o brilho do seu nome a cabeçalhos de cartas e a chefiar centros de investigação com fins mais políticos do que científicos. Na esfera pessoal, contabiliza um corpo a dar as últimas (gordo, baixo, doente), cinco casamentos falhados, um longo rol de infidelidades e conflitos pessoais, além de uma tendência para a hipocrisia e para o egoísmo. (...)
O planeta pode estar em risco, mas Beard não o está menos. E é de Beard, ao acabar o livro, que nos lembraremos. Talvez porque, ao contrário do planeta, ele não pode – ou melhor, não quer – ser salvo." Texto publicado no suplemento Actual, do semanário Expresso

O livro foi lançado, pela editora Gradiva hà um ano em Portugal, ao mesmo tempo que o mercado de lingua inglesa.
Boa leitura!

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